Esboço de Pregação: A Quem Enviarei? O Chamado de Isaías 6 e a Resposta da Igreja Hoje
“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Isaías 6:8)
Introdução
A experiência de Isaías no templo, descrita no capítulo 6, é uma das passagens mais dramáticas de toda a Escritura. De fato, ele tem uma visão avassaladora da santidade e da glória de Deus, que o leva a uma profunda consciência de seu próprio pecado.
Contudo, após ser purificado pela graça divina, Isaías ouve a pergunta que ecoa através dos séculos: “A quem enviarei?”. Frequentemente, lemos esta história como um mero relato histórico, mas a verdade é que esta pergunta não ficou no passado.
Pelo contrário, ela continua sendo a pergunta que o Soberano do Universo faz à Sua Igreja em cada geração. Portanto, o propósito desta mensagem é nos colocar no lugar de Isaías, para entendermos que, antes de podermos responder ao chamado missionário, precisamos passar pelo mesmo processo de ver a Deus, vermos a nós mesmos e sermos tocados pela Sua graça purificadora.
Desenvolvimento
1. A Revelação da Santidade de Deus (vv. 1-4)
Primeiramente, antes de qualquer chamado, há uma revelação. Isaías viu o Senhor “assentado sobre um alto e sublime trono”, e a presença dos serafins que clamavam “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”. Em outras palavras, a jornada missionária de Isaías não começou com uma estratégia ou um mapa, mas com uma visão teocêntrica. Ele foi confrontado com a majestade e a pureza absoluta de Deus.
Consequentemente, isso nos ensina que qualquer anseio genuíno por missões deve, necessariamente, começar com uma visão renovada de quem Deus é. Muitas vezes, nosso zelo missionário é fraco porque nossa visão de Deus é pequena. Assim sendo, quando realmente contemplamos a glória do Rei, o mundo e suas necessidades são colocados na perspectiva correta. Portanto, uma paixão por missões é o resultado natural de uma adoração profunda.
2. O Reconhecimento do Pecado e a Purificação pela Graça (vv. 5-7)
Em segundo lugar, a resposta imediata de Isaías à santidade de Deus foi o desespero: “Ai de mim! Pois estou perdido!”. Diante da pureza divina, ele teve uma consciência esmagadora de sua própria impureza e da impureza de seu povo. Ele se sentiu completamente desqualificado. De fato, este é um passo indispensável. Ninguém pode ser um mensageiro eficaz da graça sem antes ter sido profundamente humilhado pelo seu próprio pecado.
Contudo, a história não termina em desespero. Pelo contrário, a graça de Deus entra em cena. Um serafim voa do altar, o lugar de sacrifício, e toca os lábios de Isaías com uma brasa viva, declarando: “a tua iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado”.
Assim, a mesma presença que o condenou foi a que o purificou. Isso nos mostra, portanto, que Deus não chama os capacitados, mas capacita aqueles que reconhecem sua total incapacidade e dependem unicamente da Sua graça purificadora.
3. A Pergunta de Deus e a Resposta da Disponibilidade (v. 8)
Finalmente, somente após ter visto a Deus e ter sido purificado, Isaías está pronto para ouvir a pergunta divina: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. É fundamental notar que Deus não impõe uma ordem.
Ele faz um convite, procurando por um coração voluntário e disponível. A resposta de Isaías é imediata e incondicional: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Esta não é uma resposta de autoconfiança, mas sim de total rendição e gratidão.
Em outras palavras, a graça que ele recebeu o compeliu a se oferecer. Consequentemente, a resposta ao chamado missionário não brota da nossa competência, mas da nossa consagração. Deus não pergunta: “Quem é o mais inteligente? Quem é o mais eloquente?”. Ele pergunta: “Quem está disposto a ir?”. Portanto, a maior habilidade que podemos oferecer a Deus é a nossa disponibilidade.
Conclusão
Em resumo, a jornada para o serviço missionário segue um padrão divino: uma visão da santidade de Deus, um profundo reconhecimento de nossa necessidade de graça e, então, uma resposta de coração rendido à Sua pergunta. Hoje, Deus continua procurando por homens e mulheres que, maravilhados com Sua glória e transformados por Sua graça, respondam sem hesitação. A pergunta “A quem enviarei?” ecoa nesta igreja agora. Que a nossa resposta coletiva e individual seja a mesma do profeta: “Eis-nos aqui, Senhor. Envia-nos a nós”.