Esboço de Pregação: Quebrando Barreiras Culturais e Pessoais Para Levar o Evangelho a Todos
“Mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo… Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Atos 10:28b; Gálatas 3:28)
Introdução
O Evangelho de Jesus Cristo é a mensagem mais radicalmente inclusiva que o mundo já conheceu. Ele foi projetado por Deus para demolir cada muro e cada barreira que o pecado e a sociedade construíram para separar as pessoas. Contudo, a história da igreja, e a nossa própria experiência, mostra que muitas vezes somos nós, os portadores da mensagem, que reconstruímos esses muros através de nosso preconceito, medo ou conforto.
De fato, a expansão do evangelho no livro de Atos é uma história contínua de Deus forçando Seus seguidores a quebrar barreiras. Portanto, o objetivo desta mensagem é nos confrontar com o chamado do Evangelho para sermos “quebradores de barreiras”, seguindo o exemplo da igreja primitiva e, acima de tudo, do próprio Cristo, para que a mensagem chegue a todos, sem distinção.
Desenvolvimento
1. A Barreira do Preconceito Religioso e Cultural (Atos 10)
Primeiramente, a história da conversão de Cornélio em Atos 10 é um divisor de águas. O apóstolo Pedro, apesar de ter andado com Jesus, ainda carregava um profundo preconceito religioso e cultural contra os gentios, considerando-os “imundos”. Foi necessária uma visão tríplice e uma ordem direta do Espírito Santo para que ele estivesse disposto a entrar na casa de um não-judeu. Em outras palavras, a maior barreira não estava na casa de Cornélio, mas no coração de Pedro.
Consequentemente, Deus teve que primeiro converter o missionário antes de usar o missionário para converter o gentio. Isso nos ensina que, muitas vezes, os maiores obstáculos para o avanço do evangelho são os nossos próprios preconceitos, as nossas tradições e a nossa relutância em nos associarmos com pessoas que são “diferentes” de nós. Portanto, devemos orar para que Deus nos mostre, assim como mostrou a Pedro, a quem estamos considerando “imundo” e que Ele nos dê a coragem de obedecer e ir.
2. A Barreira do Preconceito Social e Moral (João 4)
Em segundo lugar, o próprio Jesus nos deu o exemplo máximo de como quebrar barreiras. Seu encontro com a mulher samaritana em João 4 foi um ato de demolição de múltiplos muros. Ele, um judeu, falou com uma samaritana (barreira racial).
Ele, um homem, iniciou uma conversa teológica com uma mulher em público (barreira de gênero). E Ele, o Santo de Deus, se associou com uma mulher de reputação imoral (barreira social e moral). De fato, Jesus demonstrou que o amor de Deus não conhece limites e que o valor de uma alma transcende qualquer rótulo que a sociedade possa impor. Assim sendo, Ele nos desafia a fazer o mesmo.
Quem são as “mulheres samaritanas” em nossa sociedade hoje? A quem evitamos por causa de seu estilo de vida, sua classe social ou sua história? O Evangelho nos chama para, intencionalmente, construir pontes onde o mundo construiu muros, oferecendo a Água Viva a todos os que têm sede.
3. A Verdade Unificadora do Evangelho (Gálatas 3:28)
Finalmente, o apóstolo Paulo nos dá o fundamento teológico para essa prática. Em Cristo, todas as distinções que o mundo usa para dividir e categorizar as pessoas perdem seu poder. Raça (“judeu nem grego”), status social (“servo nem livre”) e gênero (“macho nem fêmea”) não são barreiras para a unidade na família de Deus.
Em outras palavras, a cruz de Cristo é o grande nivelador. Diante dela, somos todos iguais: pecadores necessitados da mesma graça. Consequentemente, se somos todos um em Cristo, não temos o direito de discriminar ou negligenciar ninguém fora de Cristo. Essa verdade deve moldar radicalmente a nossa prática missionária.
A nossa igreja deve ser um reflexo dessa unidade, um lugar onde pessoas de todas as origens são genuinamente bem-vindas e amadas. Portanto, nosso testemunho ao mundo não é apenas o que falamos, mas também quem somos como comunidade — uma prévia do céu, onde uma multidão de todas as nações, tribos e línguas adorará junta diante do trono.
Conclusão
Em resumo, o Evangelho não nos chama apenas para pregar uma mensagem, mas para viver uma vida que demole barreiras. Seguindo o exemplo de Pedro, de Paulo e, acima de tudo, de Jesus, somos chamados a confrontar nossos próprios preconceitos e a cruzar, intencionalmente, as linhas que nos separam dos outros.
Que Deus nos perdoe por todas as vezes que permitimos que barreiras culturais, sociais ou pessoais nos impedissem de levar a mensagem mais inclusiva do mundo. Que Ele nos dê a coragem de ir a todos, para que todos possam saber que, em Cristo, não há mais separação.