“Era um rio que eu não podia atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.”
(Ezequiel 47:5)
Texto Base Principal: Ezequiel 47:1-9 (A Visão das Águas Purificadoras)
Texto de Apoio: Lucas 5:4 (Duc in Altum – Vão para águas profundas)
1. Introdução: O Medo de Perder o Pé
Existe um fascínio e, ao mesmo tempo, um temor natural em relação ao mar aberto. Enquanto estamos na areia ou com a água pelos tornozelos, nos sentimos seguras. Temos o controle, sentimos o chão firme e podemos sair da água a qualquer momento que desejarmos. No entanto, a vida com Deus é frequentemente comparada na Bíblia a um rio ou a um mar, e Deus não nos chamou para sermos crentes de “margem”, que apenas molham os pés na religiosidade aos domingos.
Muitas mulheres cristãs vivem uma vida espiritual frustrada porque estagnaram na superficialidade. Elas conhecem a Deus, mas não experimentam o poder transformador do Espírito Santo porque têm medo de “perder o pé”. Elas temem o que pode acontecer se entregarem o controle total de suas famílias, carreiras e emoções ao Senhor. Preferem a segurança da terra seca à aventura da fé nas águas profundas.
A visão do profeta Ezequiel nos mostra uma progressão espiritual necessária. O rio que sai do santuário traz vida por onde passa, mas para experimentar a plenitude dessa vida — a cura, a frutificação e o renovo — é preciso ter a coragem de sair da zona de conforto e mergulhar. Hoje, o convite do Senhor para este culto de mulheres é claro: pare de controlar e comece a nadar.
2. Desenvolvimento: Os Níveis de Profundidade Espiritual
I. O Nível dos Tornozelos: A Zona de Conforto (Ezequiel 47:3)
Na visão, o homem mediu mil côvados e fez o profeta passar pelas águas; elas davam pelos tornozelos. Este é o estágio inicial da caminhada cristã. É refrescante, é bom sentir a água, mas não exige esforço algum. Nos tornozelos, você ainda caminha do jeito que quer, na velocidade que quer.
Muitas mulheres estão presas aqui. Elas vêm à igreja para se sentirem “refrescadas” depois de uma semana difícil, mas não há compromisso profundo. Se a água ficar fria demais ou agitada, elas saem. É um nível de fé onde não há risco, mas também não há grandes milagres. Deus nos chama para avançar, pois quem fica na margem nunca vê a pesca maravilhosa. Para sair daqui, é preciso vencer o medo, lembrando que Deus não nos deu espírito de timidez, mas de fortaleza.
II. O Nível dos Joelhos e Lombos: A Zona de Luta (Ezequiel 47:4)
O profeta avança mais mil côvados e as águas dão pelos joelhos. Depois, pelos lombos (cintura). O nível dos joelhos representa a vida de oração. É onde começamos a nos dobrar diante de Deus. Já o nível da cintura é crítico: é a zona de transição e resistência.
Pense na física de entrar na água: quando a água bate na cintura, caminhar se torna difícil. A água oferece resistência ao seu movimento. Espiritualmente, este é o momento em que a carne luta contra o Espírito. Você quer avançar, mas as coisas do mundo te puxam. É onde muitas desistem e voltam para a margem. É onde a batalha espiritual se intensifica.
Neste estágio, você ainda tem os pés no chão, ainda tenta manter o controle, mas sente a pressão de Deus te empurrando para algo novo. A sensação de “quase se afogar” ou de perder o equilíbrio é, na verdade, um convite para parar de lutar contra a correnteza e começar a fluir com ela.
III. Águas Profundas: A Zona de Rendição Total (Ezequiel 47:5)
Finalmente, o profeta diz: “Era um rio que eu não podia atravessar”. Aqui, os pés não tocam mais o chão. Não há mais apoio humano. Não há mais “eu me garanto”. Aqui, ou você nada, ou você afunda, ou você boia e deixa o rio te levar. Isso é a plenitude do Espírito Santo.
Nas águas profundas:
- A direção é do Rio: Você não escolhe mais o caminho; o Espírito sopra onde quer (João 3:8). Você aprende como ser guiado pelo Espírito Santo.
- O esforço muda: Você não caminha com a força das pernas (esforço humano), mas é sustentada pela densidade da água (graça divina).
- A cura acontece: O versículo 9 diz que “tudo viverá por onde quer que passe este rio”. Existem curas emocionais, milagres na família e restauração de casamentos que só estão disponíveis na parte funda do rio. Enquanto você insistir em ficar no raso, estará apenas “sobrevivendo”. No fundo, você começa a viver.
3. Conclusão e Apelo
A coragem de mergulhar não é a ausência de medo, mas a certeza de que Quem criou as águas está com você dentro delas. Jesus disse a Pedro em Lucas 5:4: “Faze-te ao largo” (vá para águas profundas). Pedro achava que sabia pescar, mas foi só quando obedeceu e foi para o fundo que ele viu o milagre da multiplicação.
Talvez você esteja cansada de apenas molhar os pés. Cansada de uma religiosidade que não muda seu caráter, não cura sua ansiedade e não transforma sua casa. O convite hoje é: tire os pés do chão. Solte as amarras do controle. Diga a Deus: “Senhor, eu não sei para onde esse rio vai me levar, mas eu confio na Tua correnteza”.
É hora de deixar de ser uma mulher de margem para ser uma mulher de profundidade. Mergulhe nas promessas, mergulhe na adoração, mergulhe na Palavra. Lance fora o medo com estas passagens bíblicas sobre coragem e deixe o rio de Deus levar você.
4. Sugestão de Dinâmica / Ministério
Nome: O Passo de Fé (A Linha Azul)
- Preparação: Coloque uma fita azul no chão, próximo ao altar ou palco. Explique que o lado da plateia é a “margem” (segurança, controle, raso) e o lado do altar representa as “águas profundas” (o desconhecido de Deus, a entrega total).
- Ação: Convide as mulheres a ficarem de pé. Peça que fechem os olhos e visualizem o que as impede de mergulhar (medo do futuro, apego a um pecado, necessidade de controlar o marido/filhos).
- O Ato Profético: Convide aquelas que decidem hoje soltar o controle a darem um passo físico à frente, cruzando a “linha azul”, simbolizando a entrada no rio de nado.
- Ministração: Enquanto elas cruzam, ministre louvores sobre o fluir do Espírito e ore por batismo no Espírito Santo e renovo espiritual. Use versículos sobre ser cheio do Espírito.

