Estudo Bíblico Sobre o Sábado: Uma Análise Profunda e Historica sobre o Dia de Descanso Bíblico
- Introdução: A Relevância Contínua do Sábado
- A Origem Divina do Sábado na Criação
- O Sábado no Sinai e a Perspectiva Judaica
- A Visão Adventista e Sabatista Sobre o Sábado
- Jesus, os Apóstolos e o Sábado no Novo Testamento
- A Transição Histórica: Do Sábado para o Domingo
- O Sábado Cerimonial vs. O Sábado Semanal do Decálogo
- Relevância e Bênçãos do Sábado Hoje
- Perguntas Frequentes Sobre o Sábado
Antes de mais nada, este Estudo Bíblico Sobre o Sábado tem como meta revelar a profundidade de um dos temas mais significativos das Escrituras, o dia de descanso.
Nele vamos nos aprofunda na exploração da visão bíblica sobre o sábado, mergulhando nas doutrinas e compreensões de seus aspecto na história judaica e seus desenrolar durante as eras.
Sobretudo, longe de ser apenas uma regra ou um ritual do passado, o sábado emerge como um presente divino, um sinal de relacionamento, lealdade e restauração.
” O sábado é mais que um dia da semana, é um convite para todo verdadeiro adorador entrar no santuário deixado por Deus noTempo”.
Acima de tudo analisaremos sua instituição na criação, sua codificação no Sinai, sua observância por Jesus e os apóstolos, a complexa transição histórica para a guarda do domingo e sua pertinência para a humanidade hoje.
Consequentemente, uma compreensão clara deste tema é fundamental para quem busca aprofundar seu relacionamento com Deus com base na totalidade da revelação bíblica.
Metas deste estudo Bíblico:
- Aproximar o adorar de Deus.
- Aumentar e promover o conhecimento sobre o assunto.
- Trazer a visão bíblica historica livre de viés e preconceitos.
- Exaltar a autoridade Divina em lugar do humano.
A Origem Divina do Sábado na Criação
Antes mesmo da existência de qualquer povo ou nação, a Bíblia introduz o sábado no clímax da semana da criação. Primeiramente o livro de Gênesis relata que, após formar os céus e a terra em seis dias, Deus realizou três atos distintos no sétimo dia: Ele descansou, abençoou e santificou.
“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gênesis 2:2-3).
Sob o memso ponto de vista, este ato fundador estabelece o sábado não como um pensamento posterior, mas como parte integral do plano original de Deus para a humanidade.
O cansaço não motivou o descanso de Deus; este ocorreu como um ato de completude e deleite em Sua criação perfeita. Ao santificar o dia, Deus o separou para um propósito sagrado, designando-o como um canal de bênçãos e comunhão entre Ele e Suas criaturas.
Origem do sábado no Éden
Primeiramente, a origem edênica do sábado demonstra seu caráter universal. A instituição do sábado não foi para uma tribo ou nação específica, mas para toda a humanidade, como um memorial perpétuo do poder criador de Deus e de Seu amor. Desde o início, Ele concebeu o sábado como um elo, um tempo sagrado para pausar as atividades seculares e focar no relacionamento com o Criador.
Muitos fazem uma uma interpretação rígida da lei do sábado, como se o sábado devesse apenas servir aos propósitos humanos e definitivamente a ideia de jesus não aprisioná-los em regras inflexíveis. Mas fazer do sábado um dia de liberdade e descanso para todo adorador verdadeiro, promovendo este benefício a toda humanidade.
O Sábado no Sinai e a Perspectiva Judaica
Milênios após a criação, Deus reafirmou a importância do sábado ao entregá-lo como o quarto mandamento da Lei Moral, o Decálogo, no Monte Sinai.
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho…” (Êxodo 20:8-10).
A palavra “Lembra-te” sugere que o sábado já era conhecido, sendo agora formalmente codificado na aliança de Deus com Israel. Para o povo judeu, o Shabbat tornou-se o sinal central da sua aliança com Deus (Ezequiel 20:12, 20), um dia que distinguia Israel das nações vizinhas.
“E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus”. Ezequiel 20:20
Contudo na tradição judaica, o Shabbat é muito mais do que a cessação do trabalho; é um dia de alegria espiritual (oneg Shabbat), estudo da Torá, oração e união familiar.
O Rabino Abraham Joshua Heschel, em sua obra clássica “O Shabat”, descreve o dia como uma “catedral no tempo”, um palácio espiritual que se constrói a cada semana. Ele afirma:
“O significado do sábado é celebrar o tempo em vez do espaço. Seis dias por semana vivemos sob a tirania das coisas do espaço; no sábado procuramos estar sintonizados com a santidade no tempo.” – Abraham Joshua Heschel
Esta perspectiva enriquece a compreensão do sábado como um refúgio da rotina materialista, além do reconhecimento de Deus como criador e mantenedor de suas criatura oferecendo renovação física, mental e, acima de tudo, espiritual.
Do mesmo modo a preparação para o Shabbat, que começa na sexta-feira, e as cerimônias como o acendimento das velas e a refeição em família, transformam o dia em uma experiência sagrada e restauradora.
O Shabbat: Um Mergulho no Dia Sagrado do Judaísmo
O Shabbat, o sagrado dia de “descanso judaico”, é, sem dúvida, não apenas uma tradição milenar, mas o retrato do impacto da palavra de Deus sobre o povo Hebreu e que transcende a simples abstenção do trabalho.
Com efeito, trata-se de um período de 25 horas, que se inicia ao pôr do sol de sexta-feira e se encerra ao anoitecer de sábado, inteiramente dedicado à reflexão espiritual, à família e à comunidade.
A Origem e o Significado
Inicialmente, é fundamental destacar que o mandamento de observar o Shabbat é um dos pilares do judaísmo, figurando como o quarto dos Dez Mandamentos entregues por Deus a Moisés no Monte Sinai.
A sua origem, de fato, remonta à criação do mundo, conforme descrito no livro do Gênesis 2 portanto, ao observar o Shabbat, os judeus emulam essa ação divina, reconhecendo a soberania de Deus sobre a criação.
Contudo, para além da comemoração da criação, o Shabbat também recorda a libertação dos israelitas da escravidão no Egito, representando, assim, um dia de liberdade e de cessação do trabalho forçado.
É, em suma, um tempo para se desconectar das preocupações mundanas e, em contrapartida, se reconectar com a espiritualidade, a família e a herança judaica.
A Preparação e o Início do Shabbat
A chegada do Shabbat é, caracteristicamente, recebida com grande expectativa e preparação. Primeiramente, as casas são limpas e arrumadas, as melhores roupas são vestidas e as refeições festivas são preparadas com antecedência. Subsequentemente, a transição para o dia sagrado é marcada por rituais que simbolizam a entrada num estado de santidade e paz.
A Visão Adventista e Sabatista Sobre o Sábado
Para os Adventistas do Sétimo Dia e outros cristãos sabatistas, a observância do sábado é uma expressão de amor e lealdade a Deus, fundamentada na totalidade da Escritura. Em outras palavras eles veem o sábado como um mandamento perpétuo, que não foi abolido, modificado ou substituído no Novo Testamento.
O Pastor Alberto R. Timm, Ph.D., reforça que o sábado transcende a aliança sinaítica:
“O tríplice ato divino de descansar no sábado, abençoar e santificar esse dia implica na instituição dele, ainda no Éden, como sinal da aliança eterna entre Deus e Suas criaturas.” Pastor Alberto R. Timm, Ph.D
Esta visão enfatiza a continuidade do sábado desde a Criação até a Nova Terra (Isaías 66:22-23).
Como guardar o sábado segundo a Bíblia?
A doutrina adventista, conforme delineada em seus documentos oficiais e no texto memorizado, apresenta como guardar o sábado segundo a Bíblia de forma prática e espiritual.
A observância começa com uma preparação cuidadosa na sexta-feira, deixando a casa, os alimentos e as roupas prontas, para que o sábado, que se inicia ao pôr do sol, seja um dia de completo descanso das atividades seculares e de foco nas prioridades espirituais.
Uma Perspectiva Prática e Espiritual
Guarda do sábado é uma celebração semanal que aprofunda o relacionamento com Deus e com a comunidade. Longe de ser um fardo legalista, é visto como um presente divino, um tempo para descanso, adoração e comunhão.
“Legalista” descreve quem se apega rigidamente a leis e rituais, acreditando que a obediência a essas regras garante a salvação ou o favor divino, priorizando a norma sobre a graça.
Ainda assim a observância, que se estende do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado, é fundamentada em princípios bíblicos e se desdobra em aspectos práticos e espirituais.
Preparação para o Sábado: A Santificação Começa na Sexta-feira
Por exemplo, a preparação é um elemento chave para uma observância plena do sábado. Porém o objetivo é concluir as atividades seculares antes do início das horas sagradas, permitindo que a mente e o espírito se voltem para Deus.
- Finalize as Tarefas: Conclua os trabalhos profissionais, estudos, compras e limpezas da casa antes do pôr do sol de sexta-feira.
- Prepare os Alimentos: Cozinhe as refeições do sábado com antecedência para evitar trabalhos desnecessários durante as horas de descanso.
- Harmonize o Lar: Prepare um ambiente tranquilo e acolhedor em casa, deixando as roupas separadas e a casa em ordem.
- Recepção do Sábado: Reúna a família para um breve culto de pôr do sol, com cânticos, oração e leitura da Bíblia, marcando o início do tempo sagrado.
Durante as Horas do Sábado: Foco no Relacionamento e no Descanso
O sábado é um tempo para se desconectar das preocupações rotineiras e se conectar com o Criador, a família e os irmãos na fé.
- Adoração Comunitária: A manhã de sábado é dedicada ao culto na igreja, um tempo de louvor, oração, estudo da Bíblia e comunhão com outros crentes.
- Comunhão Fraterna: Após o culto, é comum compartilhar refeições com familiares e amigos, fortalecendo os laços de amizade e apoio mútuo.
- Contato com a Natureza: Passear em meio à natureza é uma forma de apreciar a criação de Deus e refletir sobre Seu poder e amor. A natureza é considerada o “segundo livro” de Deus.
- Atos de Misericórdia: Visitar enfermos, idosos, ou pessoas necessitadas é uma prática encorajada, seguindo o exemplo de Jesus de fazer o bem no sábado.
- Descanso Físico e Mental: O sábado oferece uma pausa necessária para o corpo e a mente, aliviando o estresse e promovendo a restauração das energias.
O Significado Espiritual do Sábado: Um Memorial e um Sinal
Mais do que um dia de descanso, o sábado possui um profundo significado espiritual para os adventistas.
- Memorial da Criação: O sábado é uma lembrança semanal do Deus Criador, que descansou no sétimo dia após a criação do mundo (Gênesis 2:1-3).
- Sinal de Redenção: É também um símbolo da salvação em Cristo, um convite para descansar da justificação pelas obras e aceitar o repouso da graça de Deus (Hebreus 4:9-10).
- Sinal de Lealdade: Em um mundo que frequentemente ignora os mandamentos de Deus, a guarda do sábado é vista como um sinal de fidelidade e amor a Ele (Ezequiel 20:12, 20).
- Tempo de Relacionamento: Acima de tudo, o sábado é um tempo especial para cultivar um relacionamento íntimo e pessoal com Deus, livre das distrações do dia a dia.
O que significa guardar o sábado na Bíblia?
A adoração comunitária na igreja, o estudo da Bíblia, a oração, o contato com a natureza e a realização de obras de misericórdia são componentes essenciais. O que significa guardar o sábado na Bíblia é, portanto, aceitar o convite de Deus para deixar de lado os próprios interesses (Isaías 58:13) e encontrar deleite e restauração na comunhão com Ele.
Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, Então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse. Isaías 58:13,14
É visto como uma expressão da justificação pela fé, onde o crente descansa das suas próprias obras para confiar plenamente na obra salvífica de Cristo (Hebreus 4:4-11).
Jesus, os Apóstolos e o Sábado no Novo Testamento
A vida e os ensinos de Jesus são centrais para a compreensão do sábado na era cristã. Longe de abolir o quarto mandamento, Jesus o restaurou ao seu propósito original. Precipuamente ele declarou:
“O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” Marcos 2:27.
Com isso, Cristo combateu o legalismo farisaico, que havia sobrecarregado o dia com regras humanas, e reafirmou seu propósito como uma bênção para a humanidade.
Os evangelhos mostram que era Seu costume frequentar a sinagoga no sábado Lucas 4:16 e usar o dia para ensinar e curar.
Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. Lucas 4:16
Suas obras de misericórdia no sábado, como curar o homem da mão ressequida, ilustravam um princípio fundamental: “É lícito fazer o bem nos sábados” Mateus 12:12.
Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados. Mateus 12:12
Os apóstolos seguiram o exemplo de Cristo. O livro de Atos registra que o apóstolo Paulo, em suas viagens missionárias, frequentava as sinagogas aos sábados para pregar o evangelho tanto a judeus como a gentios.
Versículos Sobre a Guarda do Sábado no Novo Testamento
Diversas passagens no Novo Testamento mostram que Jesus, seus seguidores e os apóstolos mantiveram o costume de observar o sábado. Eles frequentavam as sinagogas neste dia para adoração e ensino, e o respeitavam como um dia de descanso, conforme o mandamento.
Abaixo está uma lista de versículos que destacam essa prática:
Jesus Cristo
Jesus, durante seu ministério terreno, deu o exemplo de frequentar a sinagoga no sábado, utilizando o dia para ensinar e realizar atos de misericórdia.
- Lucas 4:16: “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.”
- Lucas 6:6: “E aconteceu também, noutro sábado, que entrou na sinagoga e estava ensinando; e havia ali um homem cuja mão direita era mirrada.”
- Lucas 13:10: “E ensinava no sábado, numa das sinagogas.”
- Marcos 1:21: “Entraram em Cafarnaum e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, ali ensinava.”
- Marcos 6:2: “E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?”
As Mulheres Seguidoras de Jesus
As mulheres que acompanhavam Jesus, mesmo no momento de Sua morte e sepultamento, observaram o descanso do sábado.
- Lucas 23:54-56: “E era o Dia da Preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos e, no sábado, repousaram, conforme o mandamento.”
O Apóstolo Paulo e Outros Apóstolos
O livro de Atos registra que o apóstolo Paulo, em suas viagens missionárias, tinha o costume de ir às sinagogas no sábado para pregar o evangelho tanto para judeus como para gentios (não-judeus).
- Atos 13:14: “E eles, saindo de Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de sábado, assentaram-se.”
- Atos 13:42-44: “E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas. […] E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.”
- Atos 16:13: “E no dia de sábado saímos fora das portas, para a beira do rio, onde se supunha haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram.”
- Atos 17:2: “E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre as Escrituras.”
- Atos 18:4: “E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos.”
Esses versículos sobre o sábado no Novo Testamento demonstram que o dia continuou a ser um tempo privilegiado para a adoração e a evangelização na igreja primitiva.
A palavra “sábado” (em grego, sabbaton) aparece dezenas de vezes nos evangelhos e em Atos. De fato, ao se pesquisar quantas vezes aparece a palavra sábado no Novo Testamento, os estudiosos apontam cerca de 60 ocorrências, e a esmagadora maioria se refere ao sétimo dia da semana, sem qualquer indicação de que sua santidade havia sido transferida para outro dia.
A questão sobre guardar sábado Novo Testamento encontra, assim, uma resposta positiva no exemplo consistente de Cristo e dos apóstolos.
A Transição Histórica: Do Sábado para o Domingo
Se o Novo Testamento não autoriza a mudança do dia de guarda, como a maioria do cristianismo passou a observar o domingo? A resposta não se encontra na Bíblia, mas nos registros da história pós-apostólica.
Uma das teorias mais usadas para justificar a mudança do sábado para o domingo é a de que ele foi abolido na cruz e o domingo instituído em seu lugar através da ressurreição de Cristo.
No entanto, por mais popular que seja, esta teoria carece de fundamentação bíblica e de comprovação histórica. O texto de João 20:19, por exemplo, declara que os discípulos estavam reunidos com as portas trancadas por “medo dos judeus”, e não para celebrar a ressurreição em um novo dia de guarda.
A pesquisa histórica revela que a mudança foi um processo gradual. Conforme demonstra a tese doutoral de Samuele Bacchiocchi, intitulada From Sabbath to Sunday, apresentada na Pontifícia Universidade Gregoriana,
“a adoção do domingo em lugar do sábado não ocorreu na primitiva Igreja de Jerusalém, por virtude de autoridade apostólica, mas aproximadamente um século depois na Igreja de Roma”. – Samuele Bacchiocchi,
A primeira evidência histórica concreta sobre cristãos observadores do domingo só é encontrada na metade do segundo século. Um fator crucial para essa mudança foi a influência cultural do Império Romano.
O cristianismo dos primeiros séculos, para se distanciar do judaísmo (que era perseguido pelos romanos) e se tornar mais aceito, acabou absorvendo elementos do paganismo, destacando-se o culto ao Sol de origem persa (mitraísmo).
Mitraístas veneravam o Sol Invictus
Os mitraístas veneravam o Sol Invictus (o Sol Invicto) a cada domingo e celebravam seu nascimento em 25 de dezembro. Muitos cristãos, então, começaram a harmonizar alegoricamente o Sol Invictus com o “sol da justiça” (Malaquias 4:2), adorando a Cristo no domingo, o “dia do Sol” (Sunday em inglês).
O que começou como sincretismo religioso assumiu um caráter institucional. Em 7 de março de 321 d.C., o imperador Constantino, um devoto do culto solar, decretou “que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol”.
Este decreto imperial foi seguido por várias medidas eclesiásticas para legalizar a observância do domingo. O próprio Catecismo Romano (1962, p. 376) reconhece a atuação da Igreja neste processo, ao declarar:
“A Igreja de Deus, porém, achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do sábado.”
“Aqueles que viviam segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança, não mais observando o Sábado, mas sim o dia do Senhor, no qual a nossa vida foi abençoada, por Ele e por sua morte.(…) É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus.” – Santo Inácio de Antioquia (101 d.C.), Carta aos Magnésios. 9,1
“Reunimo-nos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia após o Sábado dos judeus, mas também o primeiro dia em que Deus, extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, neste mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos”. – São Justino (†165), Apologia 1,67
“Não ceda de forma alguma ao partido dos Samaritanos, ou aos Judaizantes: por Jesus Cristo de agora em diante foste resgatado. Mantenha-se afastado de toda observância de Sábados, sobre o que comer ou como se purificar. Mas abonime especialmente todas as assembléias dos perversos heréticos” – São Cirilo de Jerusalém (†386. Carta 4, 37)
Por mais atraentes que sejam as teorias, como afirma o Dr. Alberto Timm,
“não podemos impor ao texto bíblico interpretações artificiais e desenvolvimentos históricos que só ocorreram após o período bíblico”.
A honestidade com as Escrituras exige reconhecer que a mudança do sábado para o domingo não teve autoridade bíblica. Não há nenhum se quer um texto biblico que afirme ou autorize esta mudança, a não ser o comprimento profetico do qual falou o profeta daniel sobre o poder Papal:
E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei... Daniel 7:25
Do sábado para o domingo
- “Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, os lavradores devem atender com plena liberdade ao cultivo dos campos. Acontece frequentemente que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha, e por isso não devem deixar passar o tempo favorável que o céu concede.
- Dia de adoração ao deus-sol no Império Romano. Origem pagã.
- 7 de Março de 321 d.C. 1º decreto dominical civil pelo imperador Constantino.
- 364 d.C.Concílio de Laodiceia
- Igreja Católica Romana adota oficialmente a observância do domingo.
O Sábado Cerimonial vs. O Sábado Semanal do Decálogo
Uma fonte comum de confusão é a interpretação de passagens como Colossenses 2:16:
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida, ou bebida, ou dias de festa, ou luas novas, ou sábados”.
Muitos interpretam este texto como uma anulação do sábado semanal. Conforme revela uma análise cuidadosa de seu contexto, a Bíblia fala de dois tipos de sábados: o sábado semanal do sétimo dia (parte da Lei Moral/Dez Mandamentos) e os ‘sábados’ cerimoniais, feriados anuais das festas israelitas (Levítico 23).
Esses sábados cerimoniais, como o da Páscoa ou o Dia da Expiação, podiam cair em qualquer dia da semana. Eles eram “sombras das coisas que haviam de vir” (Colossenses 2:17), apontando simbolicamente para a obra redentora de Cristo. Com a morte de Jesus na cruz, esses rituais e sacrifícios cerimoniais encontraram seu cumprimento e, consequentemente, Deus os aboliu.
O sábado do sétimo dia, em contrapartida, não era uma sombra; Deus o instituiu na criação como um memorial de Seu poder, muito antes da existência do sistema cerimonial. Levítico 23:38 torna essa distinção explícita ao listar as ofertas das festas anuais e dizer que elas eram “além dos sábados do SENHOR”.
Portanto, a crítica de Paulo em Colossenses dirigia-se ao legalismo judaizante que tentava impor as festas e os sábados cerimoniais, que Cristo já havia cumprido, e não ao sábado semanal do Decálogo, que permanece como um sinal perpétuo da aliança de Deus.
Relevância e Bênçãos do Sábado Hoje
Em um mundo acelerado, ansioso e perpetuamente conectado, a pergunta devemos guardar o sábado nos dias de hoje é mais pertinente do que nunca. O sábado oferece um antídoto divino para o esgotamento físico, mental e espiritual da vida moderna. É um convite semanal para desconectar da tirania da produtividade e reconectar com o que é eterno: Deus, a família e a própria alma.
Guardar o sábado é um ato de fé que demonstra confiança em Deus como Provedor, libertando-nos da ansiedade de que nosso sustento depende de um trabalho incessante de sete dias por semana.
As bênçãos de uma observância sincera são imensuráveis. Proporciona descanso físico, clareza mental, fortalecimento dos laços familiares e, o mais importante, uma comunhão íntima com o Criador. Não é um fardo, mas uma “delícia” (Isaías 58:13), um oásis no tempo que nos rejuvenesce e nos lembra de nossa verdadeira identidade como filhos e filhas de Deus.
Para aqueles que buscam aprofundar seu conhecimento, existem materiais como as 70 razões para guardar o sábado, que compilam argumentos bíblicos e teológicos sobre sua importância. Em última análise, guardar o sábado é responder ao convite amoroso de Deus para entrar em Seu “descanso” (Hebreus 4:9-10), um descanso que começa aqui e agora e se estenderá por toda a eternidade.
“Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus; ¹⁰ pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas”. Hebreus 4:9,10
Perguntas Frequentes Sobre o Sábado
Qual é a mensagem bíblica sobre o sábado?
Afinal a mensagem bíblica central é que o sábado é um dia santo, abençoado e separado por Deus na criação para descanso, comunhão e adoração. É um memorial perpétuo do poder criador de Deus e um sinal de aliança e lealdade entre Ele e Seu povo.
Qual a interpretação bíblica do sábado?
A interpretação bíblica, seguida por judeus e cristãos sabatistas, é que o sábado é o sétimo dia da semana (de pôr do sol de sexta a pôr do sol de sábado), instituído na criação (Gênesis 2), confirmado no Decálogo (Êxodo 20) e reafirmado por Jesus e os apóstolos como um dia para descanso, adoração e obras de misericórdia.
Qual é o verdadeiro significado do sábado?
O verdadeiro significado do sábado transcende a mera abstenção do trabalho. É um tempo sagrado para se desconectar das preocupações seculares e se reconectar com Deus. Significa encontrar deleite na comunhão com o Criador, fortalecer os laços familiares, descansar fisicamente e celebrar a salvação em Cristo, descansando em Sua obra consumada.
Porque o sábado foi abolido? O sábado cerimonial é que foi abolido, o sábado de festas, agora o sábado de Êxodo vigora?
Exatamente. A Bíblia em versículo algum não ensina que o sábado semanal de Êxodo 20 foi abolido. A confusão surge da falta de distinção entre o sábado semanal (memorial da criação) e os sábados cerimoniais (feriados anuais que eram sombras do sacrifício de Cristo, como em Colossenses 2:16). Cristo cumpriu e aboliu na cruz esses sábados cerimoniais, que estavam ligados ao sistema de sacrifícios.O sábado do sétimo dia, como parte da Lei Moral, permanece válido.
O sábado é apenas para os judeus?
Não. Deus instituiu o sábado na criação (Gênesis 2:1-3) para toda a humanidade, antes da existência do povo judeu.
Jesus violou o sábado?
Não. Jesus não violou o mandamento do sábado. Ele violou as tradições e regras humanas que os fariseus haviam adicionado ao mandamento, que o tornavam um fardo. Ao curar e fazer o bem, Ele restaurou o sábado ao seu verdadeiro propósito.
O domingo não é o “Dia do Senhor” mencionado em Apocalipse 1:10?
Na Bíblia, o próprio Deus chama o sábado de “meu santo dia” (Isaías 58:13). Jesus se declarou “Senhor do sábado” (Marcos 2:28). Portanto, o “Dia do Senhor” biblicamente é o sábado. A aplicação dessa expressão ao domingo é uma tradição posterior, sem base explícita nas Escrituras.
Se Paulo diz em Romanos 14:5 para cada um ter sua própria opinião sobre os dias, isso não anula o sábado?
O contexto de Romanos 14 é sobre disputas entre cristãos judeus e gentios a respeito de dias de jejum e festas cerimoniais, não sobre o quarto mandamento do Decálogo. Paulo está defendendo a liberdade de consciência em assuntos de opinião, não abolindo um mandamento moral.
Como posso começar a guardar o sábado em um mundo que funciona 24/7?
Começa com uma decisão de fé e planejamento. Organize suas tarefas semanais a fim de atender às necessidades essenciais antes do pôr do sol de sexta-feira. Comunique sua convicção a empregadores e familiares de forma respeitosa. Deus promete abençoar aqueles que honram Seus mandamentos.
Qual o tipo de atividades são apropriadas para o sábado?
Atividades que promovem a comunhão com Deus e com o próximo: ir à igreja, orar, ler a Bíblia e livros espirituais, passar tempo em família, caminhar na natureza, visitar enfermos e necessitados e compartilhar sua fé.
Posso cozinhar no sábado?
A orientação bíblica (Êxodo 16:23) sugere fazer a preparação principal dos alimentos na sexta-feira, o “dia da preparação”. Isso libera o sábado para o descanso e foco espiritual, evitando trabalhos complexos e demorados na cozinha.
E se eu tiver uma emergência no sábado?
Jesus ensinou que é lícito fazer o bem e salvar uma vida no sábado (Mateus 12:11-12). Atos de misericórdia e emergências que não se pode adiar são perfeitamente aceitáveis e estão em harmonia com o espírito do sábado.
A mudança do calendário Juliano para o Gregoriano não alterou o ciclo semanal?
Não. A mudança de calendário em 1582 apenas ajustou as datas do mês, pulando 10 dias (de 4 de outubro para 15 de outubro). O ciclo semanal de sete dias manteve-se ininterrupto.
Por que os Adventistas dão tanta ênfase a este ponto da doutrina?
Porque veem o sábado como o selo da Lei de Deus, um sinal distintivo do Criador que será de especial importância nos eventos do tempo do fim. É um teste de lealdade a Deus e Sua Palavra contra as tradições humanas.
Preciso ser membro de uma igreja específica para guardar o sábado?
Não. A decisão de guardar o sábado é uma resposta pessoal ao chamado de Deus em Sua Palavra.
O que significa “não seguir os teus caminhos” em Isaías 58:13?
Significa abster-se de atividades seculares, negócios e lazeres que desviam a mente do propósito sagrado do dia. É uma troca voluntária de nossos prazeres rotineiros pelo “deleite” maior da comunhão com Deus.
O que o descanso do sábado tem a ver com a salvação?
A guarda do sábado não é um meio para obter a salvação; a graça nos salva unicamente através da fé em Jesus Cristo. No entanto, a obediência aos mandamentos de Deus, incluindo o sábado, é o resultado e a evidência de um coração transformado e de um relacionamento de amor com o Salvador.
Os primeiros cristãos se referiam ao domingo como o dia de adoração?
Os cristãos fizeram os primeiros registros explícitos da adoração regular no domingo em meados do século II, principalmente em Roma, muito depois de escreverem os livros do Novo Testamento.
É pecado trabalhar no sábado?
O mandamento de Êxodo 20 proíbe o “trabalho” secular, ou seja, as atividades habituais para ganho ou lucro. É um convite para cessar nossas obras e confiar na provisão de Deus. Trabalhar em situações emergenciais para salvar vidas é uma exceção validada por Jesus.
Como o sábado aponta para Jesus?
O sábado aponta para Jesus de múltiplas formas: como o Criador que descansou (João 1:3), como o Redentor que oferece verdadeiro descanso do pecado (Mateus 11:28-29), e como o Senhor do Sábado (Marcos 2:28) que nos ensina seu verdadeiro significado.