Esboço de Pregação: A Compaixão de Cristo Pelos Perdidos: O Verdadeiro Motor da Missão
“E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.” (Mateus 9:36)
Introdução
O que realmente nos move a compartilhar o Evangelho? Muitas vezes, nossa motivação pode ser baseada no dever, na culpa ou até mesmo no desejo de cumprir uma meta da igreja. Embora a obediência seja fundamental, a Bíblia nos mostra um motor muito mais profundo e sustentável para a missão: a compaixão.
No ministério de Jesus, vemos repetidamente que Suas ações eram impulsionadas por um sentimento visceral de compaixão pelas pessoas. De fato, Ele não via apenas números ou projetos; Ele via indivíduos sofrendo e perdidos.
Portanto, o objetivo desta mensagem é examinar o coração de Cristo para que possamos realinhar o nosso. Assim, descobriremos que a verdadeira paixão pela evangelização não nasce de um programa, mas de um coração que se compadece, assim como o do Mestre.
Desenvolvimento
1. A Visão de Cristo: Ele Via Pessoas, Não Massas
Primeiramente, o texto diz que Jesus “vendo as multidões”. O olhar de Jesus era diferente do nosso. Frequentemente, quando vemos uma multidão, vemos um borrão anônimo, uma massa de gente. Jesus, contudo, via cada pessoa em sua individualidade e necessidade. Ele via o cansaço em seus rostos, a confusão em seus corações. Em outras palavras, Ele tinha uma percepção aguçada da real condição espiritual da humanidade.
Para Ele, as pessoas estavam “cansadas” (molestadas, atormentadas pelo pecado e pela vida) e “desgarradas” (dispersas, sem rumo, sem propósito). Consequentemente, para termos um coração missionário, precisamos pedir a Deus que nos dê os Seus olhos, para que, ao olharmos para as pessoas ao nosso redor, não vejamos apenas estranhos ou interrupções, mas almas preciosas que estão sofrendo sem o Bom Pastor.
2. O Sentimento de Cristo: Ele Sentia Compaixão, Não Indiferença
Em segundo lugar, o que Jesus viu o levou a sentir. O texto diz que Ele “teve grande compaixão”. A palavra grega usada aqui, *splanchnizomai*, é extremamente forte. Ela se refere a uma emoção sentida nas entranhas, um profundo mover interior de empatia e misericórdia. Não era uma pena superficial; era uma dor genuína pela condição das pessoas. De fato, esta é a grande diferença entre a motivação divina e a humana.
A indiferença é o grande inimigo da evangelização. Podemos ter todo o conhecimento teológico, mas se não sentirmos a dor da perdição eterna das pessoas, nossa mensagem será fria e ineficaz. Portanto, um coração missionário é um coração que se permite ser quebrado por aquilo que quebra o coração de Deus. Devemos orar: “Senhor, dá-me um coração que sinta compaixão como o Teu!”.
3. A Ação de Cristo: Sua Compaixão o Movia a Agir
Finalmente, a compaixão de Jesus nunca era um sentimento passivo; ela sempre o levava à ação. O versículo seguinte (v. 37-38) mostra a consequência imediata de Sua compaixão: Ele se vira para os discípulos e fala sobre a urgência da colheita e a necessidade de enviar trabalhadores.
Além disso, em todo o Evangelho, vemos que, após sentir compaixão, Jesus curava os enfermos, alimentava os famintos e, acima de tudo, pregava as boas novas do Reino. Em outras palavras, a compaixão genuína sempre resulta em ação. Se realmente sentimos compaixão por nossos amigos, familiares e vizinhos perdidos, não conseguiremos ficar em silêncio. O amor nos constrangerá a falar. A misericórdia nos impulsionará a servir.
Consequentemente, a falta de ação evangelística em nossa vida pode ser um sintoma de uma falta de compaixão em nosso coração. Portanto, a verdadeira medida da nossa compaixão não é o que sentimos, mas o que fazemos a respeito.
Conclusão
Em resumo, o modelo de Jesus é claro: a missão eficaz flui de um coração compassivo. Começa com a forma como vemos as pessoas, continua com o que sentimos por elas e culmina no que fazemos por elas.
Que possamos pedir ao Espírito Santo que sonde nosso coração e substitua nossa indiferença por Sua compaixão. Que a dor e a perdição do mundo nos movam, não por culpa, mas por um amor profundo e genuíno. Pois, quando tivermos o coração de Cristo, teremos também os pés e a boca de um missionário.