Esboço de Pregação: Ló – As Consequências de Escolher o Caminho Mais Fácil
Introdução: A Encruzilhada Entre a Fé e a Conveniência
Na jornada da vida, constantemente nos deparamos com encruzilhadas que definem nosso destino. De um lado, há o caminho da fé, muitas vezes íngreme, incerto e que exige confiança no que não se vê. Do outro, há o caminho da conveniência, uma descida suave, bem irrigada e atraente aos olhos. Abraão escolheu o primeiro, Ló, o segundo. A história de Ló, sobrinho de Abraão, serve como um alerta solene.
Ele não era um homem mau; o apóstolo Pedro o chama de “justo”. No entanto, sua vida foi marcada por uma série de escolhas baseadas no conforto imediato e na vantagem material. Portanto, hoje vamos analisar a trajetória de Ló, não para julgá-lo, mas para aprender com seus erros sobre o perigo de tomar o caminho mais fácil e as consequências devastadoras de se aproximar gradualmente do mundo.
“E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada… Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão… e armou as suas tendas até Sodoma.” – Gênesis 13:10-11
1. A Escolha Guiada pela Vista, Não pela Visão Divina
Antes de tudo, o momento decisivo na vida de Ló foi uma escolha de geografia que revelou uma escolha de coração. Diante da necessidade de se separarem, Abraão lhe deu a primazia da escolha. O texto é claro: Ló “levantou os seus olhos e viu”. Sua decisão foi puramente sensorial, baseada na aparência e no potencial de lucro. A campina era fértil como o Egito, um símbolo do mundo e de uma segurança material que ele conhecia.
Consequentemente, ele não buscou a direção de Deus, não considerou o caráter moral dos habitantes daquela região, nem ponderou as implicações espirituais de sua decisão. O primeiro passo no declive espiritual é tomar decisões vitais com base no que parece bom, lógico e fácil, ignorando completamente o conselho e a vontade de Deus. É o perigo de confiar em nossos olhos em vez de na visão que Deus nos dá.
2. A Aproximação Gradual com a Cultura do Pecado
A escolha de Ló não o levou a uma queda imediata, mas a um processo de aproximação gradual. O texto diz, sutilmente, que ele “armou as suas tendas até Sodoma”. Inicialmente, ele estava na periferia, talvez pensando que poderia desfrutar dos benefícios da terra sem se contaminar com a cultura da cidade. No entanto, a proximidade gera familiaridade e a familiaridade gera complacência.
Mais tarde, no capítulo 19, já não o encontramos em tendas próximas, mas vivendo dentro da cidade, sentado à sua porta, um lugar de influência. Assim, o caminho mais fácil nos seduz com a ilusão de que podemos controlar nossa exposição ao mundo. Começamos apenas como vizinhos, mas, com o tempo, a influência do mundo nos desgasta, e acabamos por nos tornar moradores, absorvendo seus valores e perdendo nossa distinção espiritual.
3. A Colheita Amarga do Investimento Mundano
Por fim, a história de Ló demonstra a lei da semeadura e da colheita. O caminho da conveniência o levou a uma colheita de perdas devastadoras. Quando o juízo divino finalmente chegou, Ló perdeu tudo o que havia acumulado: sua riqueza, sua posição social e sua casa. Mais tragicamente, ele perdeu sua família. Sua esposa, cujo coração estava preso a Sodoma, desobedeceu e tornou-se uma estátua de sal.
Seus genros zombaram de seu alerta, revelando que sua influência espiritual sobre eles era nula. Ele salvou sua vida, mas “como que pelo fogo”, perdendo tudo pelo que viveu. Sua jornada, que começou em uma campina fértil, terminou em uma caverna desolada, com um legado de vergonha. Portanto, o caminho que parece fácil no início, invariavelmente, cobra o preço mais alto no final.
Conclusão: Levantando os Olhos Para o Lugar Certo
Em resumo, a vida de Ló é um espelho que nos força a examinar nossas próprias escolhas. Onde estamos armando nossas tendas? Nossas decisões financeiras, de carreira e de relacionamento são guiadas pela vista ou pela visão de Deus? Que a história de Ló nos sirva como um alerta profundo: o caminho da conveniência é uma miragem que promete prosperidade, mas entrega a ruína.
Que possamos, portanto, ter a sabedoria de não levantar nossos olhos apenas para as campinas bem regadas deste mundo, mas de levantá-los para os montes, de onde vem o nosso socorro. Que escolhamos o caminho da fé, o caminho de Abraão, que pode ser mais difícil, mas que, com toda a certeza, leva à bênção, ao legado e à presença duradoura de Deus.