Esboço de Pregação: Ester, A Realeza Para a Crise, e a Coragem de Viver a Vocação
A Rainha Silenciosa e a Ameaça Oculta
Primeiramente, a história de Ester é uma obra-prima de providência divina, embora o nome de Deus jamais seja mencionado no livro. Ela era Hadassa, uma órfã judia, que se tornou Ester, a rainha da maior potência mundial da época.
Por trás do glamour do palácio, havia um plano sombrio e genocida, orquestrado por Hamã, para exterminar todo o povo judeu. A salvação de uma nação dependia de uma jovem que tinha uma identidade secreta e um lugar estratégico.
Certamente, o palco da vida de Ester era o palácio, um lugar de luxo e risco. Ela estava confortavelmente instalada no poder, mas precisou enfrentar o momento de tomar uma decisão arriscada, que poderia custar sua vida.
Esta narrativa confronta a nossa tendência de buscar segurança e conforto, ignorando a responsabilidade que vem com a nossa posição e os dons que recebemos.
Nesse sentido, este esboço nos convida a entender a soberania de Deus que nos posiciona em lugares-chave, mesmo sem entendermos o propósito.
Vamos explorar a jornada de Ester, da passividade à ousadia, e aplicar a pergunta crucial de Mordecai: “Quem sabe se você não chegou onde está exatamente para este momento de crise?” Descubra a sua vocação para viver com coragem.
I. A Preparação Oculta: Deus no Silêncio dos Bastidores
A ascensão de Ester ao trono não foi coincidência; foi um ato de providência. A deposição de Vasti, o concurso de beleza, e a escolha de Ester sobre todas as outras candidatas foram passos orquestrados por um Deus que trabalha nos bastidores, preparando Seus filhos para um futuro que eles desconhecem.
“E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres… e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha.” (Ester 2:17)
Desta forma, aprendemos sobre a soberania de Deus:
- O Uso da Anonymidade: Ester escondeu sua identidade judaica por obediência a Mordecai. Deus usa o que está escondido e o que é pequeno para realizar grandes coisas.
- Preparação Sob Medida: O longo período de preparação com óleos e perfumes era, na verdade, um treinamento de paciência e disciplina para o desafio que viria. Nossas estações de espera nos preparam para a missão.
- Deus no Acaso: Não há sorte na vida do crente. Mesmo nas eleições e promoções mais mundanas, a mão de Deus está presente.
Assim, Deus não estava ausente; Ele estava posicionando Sua agente secreta no lugar de maior influência.
II. O Confronto com a Crise: O Edito de Morte
Quando o edito de Hamã foi revelado, Mordecai rasgou suas vestes e lamentou em público. Ester, inicialmente, estava protegida no palácio e tentou resolver a crise enviando roupas, sem se envolver. Ela estava no palácio, mas ainda se sentia uma prisioneira, amedrontada pela lei do rei (que proibia a entrada não solicitada).
“Ester foi chamada à presença do rei… (há) uma só lei, o matar.” (Ester 4:11)
O confronto com o medo:
- O Grito do Profeta: Mordecai não aceitou o conforto de Ester. Ele a confrontou com a realidade, exigindo mais do que gestos superficiais (roupas novas).
- A Lei da Morte: A regra era clara: ir ao rei sem ser chamada era pena de morte. O chamado de Deus muitas vezes exige que arrisquemos nossa segurança e nossa vida.
- O Risco da Neutralidade: A posição de Ester era privilegiada, mas tornava sua omissão mais grave. O silêncio no tempo da crise é traição.
Consequentemente, o conforto pode ser uma prisão que nos impede de viver o nosso propósito.
III. A Palavra Profética: O Chamado “Para Tal Tempo”
Mordecai envia a Ester a palavra que mudaria sua vida e a história de seu povo. Ele apresenta dois caminhos: a omissão, que traria a destruição dela e de sua família, ou a ação, que resultaria em livramento (mesmo que por outro meio). A pergunta é um desafio direto à sua vocação.
“Quem sabe se para tal tempo não chegaste a este reino?” (Ester 4:14)
A revelação do propósito:
- A Missão Pessoal: A pergunta de Mordecai é direcionada a cada crente. Seu dom, sua posição, seu casamento, seu emprego — tudo pode ter sido concedido por Deus para um propósito específico nesta geração.
- O Perigo da Perda: Mordecai a lembra que ser rainha não a salvaria. Nossos títulos e status não nos isentam do julgamento ou da responsabilidade.
- A Escolha do Destino: Deus proverá o livramento de qualquer forma, mas cabe a Ester decidir se ela será a ferramenta desse livramento.
Logo, o nosso propósito não é sobre nosso conforto, mas sobre a glória de Deus na crise.
IV. O Jejum e a Coragem: “Se Perecer, Pereci”
Esta é a maior declaração de fé de Ester. Ela decide agir, mas exige a intercessão coletiva. O risco de entrar na presença do rei foi abraçado com total dependência de Deus. O jejum e a oração são o alicerce para a ousadia.
“Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim… Depois irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e se perecer, pereci.” (Ester 4:16)
O caminho da fé em ação:
- O Poder do Corpo: Ester pede o jejum de todo o povo. Nossas batalhas são pessoais, mas exigem o apoio e a intercessão da igreja.
- Entrega Total: A frase “Se perecer, pereci” é uma rendição total à vontade de Deus. É o fim da negociação e o início da obediência radical.
- O Favor Divino: Depois do jejum, Ester se apresenta e encontra favor (o cetro é estendido). A preparação espiritual precede a vitória.
Dessa maneira, a coragem não é a ausência de medo, mas a ação apesar dele, baseada na fé.
V. A Reviravolta Divina: A Queda do Inimigo
A partir do momento em que Ester age, Deus move as peças de maneira espetacular: o rei perde o sono, o livro das crônicas é lido, Mordecai é honrado e, finalmente, Hamã cai em desgraça na mesma forca que havia preparado para Mordecai.
“Enforcaram, pois, a Hamã na forca que ele tinha preparado para Mordecai.” (Ester 7:10)
O triunfo da justiça:
- O Juízo do Inimigo: Hamã foi enforcado na sua própria trama. A Bíblia mostra que as armadilhas do inimigo se voltam contra ele (Salmo 7:15).
- Justiça e Restauração: Mordecai é promovido ao lugar de Hamã, e os judeus recebem o direito de se defenderem. Deus reverte a maldição em bênção.
- A Celebração Eterna: A história se torna uma festa (Purim), um lembrete anual da fidelidade de Deus.
Em suma, a fidelidade de uma pessoa muda o destino de um povo e revela o poder da justiça de Deus.
Conclusão: Qual é o Seu “Para Tal Tempo”?
Para concluir, a questão de Mordecai ecoa em sua vida hoje. Deus o colocou onde você está: em sua família, seu bairro, sua igreja, seu local de trabalho. Há uma crise que precisa ser resolvida, uma pessoa que precisa ser alcançada, um ambiente que precisa ser transformado.
Você está no trono do seu conforto ou está pronto para arriscar sua vida, carreira e reputação para o propósito de Deus? Não se cale. O livramento virá, mas você pode ser o canal escolhido por Deus.
Entre em jejum e oração, revista-se de coragem e declare com fé: “Se perecer, pereci, mas farei a vontade de Deus.”
Oração Final
“Deus de Ester e de Mordecai, nós Te agradecemos porque Tu és um Deus de providência que nos posiciona em lugares-chave. Perdoa-nos pelo medo e pela omissão. Remove de nós o conforto que nos paralisa e a mentalidade de cativeiro. Desperta em nós o espírito de coragem para que possamos viver o nosso ‘Para Tal Tempo’. Capacita-nos a jejuar, orar e agir em fé, sabendo que a Tua presença nos precede. Em nome de Jesus, Amém.”

