Esboço de Pregação sobre Marta e Maria: Entre a Cozinha e o Altar
Esboço de Pregação sobre Marta e Maria é o tema desta reflexão, baseada no famoso episódio de Lucas 10:38-42, mas também considerando a dinâmica destas irmãs em João 11 e 12. A casa de Betânia era um refúgio para Jesus, um lugar onde Ele encontrava amizade e acolhimento.
No entanto, dentro desse lar, vemos o conflito eterno que existe dentro de cada cristão: a tensão entre o fazer e o ser, entre o trabalho e a adoração.
Primeiramente, é crucial não vilanizar Marta. Ela estava a servir a Jesus, o que é nobre. O problema não era o seu trabalho, mas a sua ansiedade. Muitas vezes, estamos tão ocupados a fazer coisas para Deus que nos esquecemos de estar com Deus.
Por outro lado, Maria ensina-nos que há um tempo para parar tudo e apenas ouvir. Entender a biografia de Jesus Cristo ajuda-nos a ver que Ele valorizava mais a presença do que a performance.
De fato, este estudo convida-nos a examinar a nossa agenda e o nosso coração. Será que a nossa atividade religiosa se tornou um peso? Será que perdemos a alegria da salvação no meio das obrigações?
Este sermão ajudará a realinhar as suas prioridades espirituais.
Nesse sentido, vamos explorar cinco aspetos: a distração do serviço, a postura de discipulado, o perigo da comparação, a resposta de Jesus e o equilíbrio necessário.
Prepare-se para deixar o avental da ansiedade e sentar-se aos pés do Mestre.
I. A Distração do Serviço: Quando o Bom Inimigo do Melhor
Marta recebeu Jesus em sua casa. A hospitalidade era um valor sagrado. Ela queria oferecer o melhor banquete. Contudo, o texto diz que ela “andava distraída em muitos serviços”. A palavra grega para distraída significa “ser puxada em diferentes direções”. O serviço, que deveria ser uma expressão de amor, tornou-se uma fonte de stress.
“Marta, porém, andava distraída em muitos serviços…” (Lucas 10:40)
Lições sobre o ativismo:
- O Peso do Perfeccionismo: Marta queria que tudo estivesse perfeito. Muitas vezes, na igreja ou na família, sobrecarregamo-nos porque queremos controlar todos os detalhes. Isso gera uma tensão interna que rouba a paz. Precisamos aprender como lidar com a ansiedade e o estresse no serviço cristão.
- Perdendo o Foco: Jesus estava na sala, mas a mente de Marta estava na cozinha. Podemos estar no culto, a cantar ou a pregar, e a nossa mente estar nas contas para pagar. Estar presente de corpo e ausente de espírito é uma armadilha comum.
- Serviço sem Conexão: Trabalhar para Jesus sem passar tempo com Jesus seca a alma. Tornamo-nos funcionários do Reino em vez de filhos do Rei. A obra de Deus nunca deve substituir o Deus da obra.
Assim, o primeiro alerta é: cuidado para não estar tão ocupado com as coisas de Deus que você ignora o próprio Deus.
II. A Postura de Discipulado: Aos Pés de Jesus
Enquanto Marta corria de um lado para o outro, Maria “assentou-se aos pés de Jesus e ouvia a sua palavra”. Na cultura da época, sentar-se aos pés de um rabino era uma posição reservada aos discípulos homens. Maria quebrou protocolos porque tinha fome da Palavra. Ela escolheu a quietude no meio do caos.
“E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.” (Lucas 10:39)
Características da verdadeira devoção:
- Humildade e Submissão: Estar aos pés indica reverência. Maria reconheceu que a maior necessidade da sua vida não era fazer algo para Jesus, mas receber algo de Jesus. A verdadeira adoração começa com a rendição. Entenda qual é a diferença entre louvor e adoração através desta atitude.
- A Prioridade da Escuta: A fé vem pelo ouvir. Maria parou tudo para absorver os ensinamentos. Num mundo de ruídos constantes, parar para ler a Bíblia e orar é um ato de resistência espiritual.
- Foco Único: Maria não se deixou contagiar pela agitação da irmã. Ela manteve o foco. Adorar é ter olhos apenas para Ele. Isso é essencial para quem busca ser uma mulher projeto de Deus, focada no essencial.
Dessa maneira, Maria ensina-nos que a nossa primeira vocação não é fazer, é estar.
III. O Perigo da Comparação: “Não te Importas?”
A pressão interna de Marta explodiu numa acusação. Ela aproximou-se de Jesus e disse: “Senhor, não se te dá que minha irmã me deixe servir só?”. A ansiedade de Marta fê-la julgar a irmã e questionar o cuidado de Jesus. O serviço sem amor torna-nos críticos e amargos.
“Senhor, não se te dá que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.” (Lucas 10:40)
Sintomas de um coração sobrecarregado:
- Vitimismo e Cobrança: Marta sentiu-se a única a trabalhar. “Estou a carregar o piano sozinha”. Esse sentimento de injustiça é comum quando servimos por obrigação e não por gratidão. Isso pode gerar conflitos, por isso é importante estudar um estudo bíblico sobre família para evitar essas crises.
- Julgando a Espiritualidade Alheia: Marta achava que a sua maneira de amar (servir) era superior à de Maria (ouvir). Cuidado para não julgar quem expressa a fé de forma diferente da sua.
- Tentando Mandar em Deus: “Dize-lhe que me ajude”. A ansiedade fê-la dar ordens a Jesus. Quando estamos stressados, a nossa oração deixa de ser submissão (“seja feita a tua vontade”) e passa a ser exigência (“faz o que eu quero”).
Logo, quando o serviço nos torna rudes com as pessoas e impacientes com Deus, é hora de parar.
IV. A Resposta Amorosa: Uma Coisa é Necessária
Jesus não condenou Marta pelo seu esforço, mas corrigiu o seu foco com ternura, repetindo o seu nome: “Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas”. Jesus diagnosticou a raiz do problema: a falta de prioridade. Ele declarou que “uma só coisa é necessária”.
“Mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lucas 10:42)
O segredo da vida abundante:
- Simplificando a Vida: Marta preocupava-se com “muitas coisas”; Jesus focou em “uma só”. A vida cristã deve ser simples: Cristo no centro. Todo o resto decorre disso. Se você não sabe qual o propósito da sua vida, comece por essa “única coisa”.
- A Boa Parte: A comunhão com Deus é a “boa parte”. É o filete mignon da vida espiritual; o ativismo são as migalhas. Jesus afirmou que isso não seria tirado de Maria. O trabalho passa, os cargos passam, mas a intimidade com Deus é eterna.
- O Equilíbrio em João 11 e 12: É interessante notar que, mais tarde, na ressurreição de Lázaro, Marta demonstra uma teologia profunda sobre a ressurreição. E em João 12, ela serve novamente, mas sem reclamar. Ela aprendeu a lição. É possível servir com o coração de Maria e trabalhar com as mãos de Marta. A base é o que é fé segundo a Bíblia.
Em suma, Jesus convidou Marta a sair da cozinha da preocupação para a sala da comunhão.
V. Vivendo o Legado de Betânia Hoje
Como aplicamos isso no século XXI? Vivemos na era da produtividade e da distração digital. Somos tentados a ser “Martas” o tempo todo, validando o nosso valor pelo que produzimos. Mas Jesus continua a chamar-nos para a quietude.
Passos práticos para a mudança:
- Agende o Tempo com Deus: Assim como você agenda reuniões e trabalho, agende o seu tempo aos pés de Jesus. Não lhe dê as sobras do seu dia. Comece com versículos de gratidão pela manhã.
- Desligue as Notificações: A “distração” de Marta hoje seria o telemóvel. Para ouvir a voz de Deus, precisamos silenciar as vozes do mundo. Pratique o jejum de tecnologia ou momentos de silêncio absoluto.
- Sirva a partir do Transbordo: Primeiro encha-se, depois sirva. Se você servir vazio, vai magoar pessoas. Se servir transbordando, vai curar pessoas. A oração é o combustível do serviço. Aprofunde-se num estudo bíblico sobre oração.
Consequentemente, o desafio não é parar de trabalhar, mas trabalhar a partir de um lugar de descanso em Deus.
Conclusão: Mãos de Marta, Coração de Maria
Para concluir, o Esboço de Pregação sobre Marta e Maria não nos pede para escolhermos entre ser uma ou outra, mas para ordenarmos as prioridades.
Precisamos das mãos diligentes de Marta para que o Reino avance e as necessidades sejam supridas, mas essas mãos devem ser guiadas pelo coração adorador de Maria.
Não permita que a obra de Deus roube o seu relacionamento com Ele. A cozinha pode esperar, mas o Mestre está a falar agora. Escolha a boa parte. Escolha a presença. Tudo o resto será acrescentado.
Hoje, se você está cansado e sobrecarregado, aceite o convite de Jesus. Largue o fardo da performance e descanse na graça da presença.
Oração Final
“Senhor Jesus, amado Mestre, confessamos que muitas vezes somos como Marta: ansiosos, agitados e preocupados com tantas coisas. Perdoa-nos por acharmos que o nosso trabalho é mais importante que a Tua presença. Perdoa-nos por julgarmos os outros e pela nossa amargura no serviço.
Hoje, queremos escolher a boa parte. Ensina-nos a parar, a sentar aos Teus pés e a ouvir a Tua voz. Que o nosso serviço seja fruto do nosso amor, e não da nossa obrigação. Dá-nos a quietude de Maria e a diligência de Marta, para a glória do Teu nome. Amém.”

