E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio? […] Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio […] Não faria justiça o Juiz de toda a terra? Gênesis 18:23, 25b.
Neste Estudo Bíblico sobre Oração: A Ousadia de Abraão ao Interceder, testemunhamos uma das conversas mais extraordinárias e íntimas entre um homem e Deus em toda a Bíblia. A intercessão de Abraão por Sodoma e Gomorra é um marco que nos ensina sobre a ousadia que pode nascer de um relacionamento profundo com o Criador.
De fato, este não é um simples pedido, mas um diálogo reverente e, ao mesmo tempo, audacioso, onde Abraão apela para a própria essência do caráter de Deus. Consequentemente, sua atitude se torna um modelo para todo crente que deseja interceder eficazmente.
Pai Celestial, Juiz de toda a terra, nós nos aproximamos de Ti maravilhados com a amizade que o Senhor compartilhou com Teu servo Abraão. Muitas vezes, nossas orações são tímidas e limitadas por nosso medo e por nossa pequena visão de quem Tu és. Pedimos, portanto, que o Senhor nos ensine, através deste exemplo, a orar com uma santa ousadia, fundamentada não em nossa justiça, mas na Tua. Dá-nos um coração compassivo para interceder pelos perdidos. Em nome de Jesus, amém.
I. Introdução: A Intimidade que Gera Ousadia
Primeiramente, é impossível compreender a ousadia de Abraão sem antes entender sua intimidade com Deus. Ele é chamado de “amigo de Deus” (Tiago 2:23). O próprio Senhor, em Gênesis 18:17, questiona: “Ocultarei eu a Abraão o que faço?”. Essa amizade era a base de sua confiança. Em outras palavras, a ousadia de Abraão não era arrogância; era, na verdade, o privilégio de um amigo que conhecia o coração do Outro.
Dessa forma, o fundamento para uma intercessão poderosa é um relacionamento pessoal e profundo com Deus. Não podemos “negociar” com um Deus que não conhecemos. Todavia, à medida que caminhamos com Ele, como Abraão fez em seu chamado para sair da zona de conforto, aprendemos sobre Seu caráter e Sua misericórdia. Assim sendo, a intimidade precede a ousadia na oração.
Para reflexão: Você descreveria seu relacionamento com Deus como uma “amizade”? Como o nível de sua intimidade com Deus afeta a ousadia em suas orações?
II. A Natureza da Intercessão de Abraão
De fato, a oração de Abraão por Sodoma não foi um clamor desesperado, mas um apelo bem fundamentado. Sua natureza revela características essenciais de uma intercessão eficaz.
Uma Oração Nascida da Compaixão
Antes de mais nada, a intercessão de Abraão foi motivada pelo amor. Seu sobrinho Ló e sua família viviam em Sodoma. Seu clamor, portanto, não era por uma questão teológica abstrata, mas pela vida de pessoas reais. A verdadeira intercessão nasce quando a dor do outro se torna nossa dor. Este é um dos pilares do ato de orar por outros.
Uma Oração Baseada no Caráter de Deus
Além disso, o argumento central de Abraão não se baseava em seus próprios méritos, mas no caráter justo de Deus. A sua pergunta retórica, “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?”, é o ponto alto de sua intercessão. Ele estava, com efeito, apelando para que Deus agisse de acordo com Sua própria natureza santa e justa. Orar com base no caráter de Deus é uma das formas mais poderosas de oração, pois Ele nunca negará a Si mesmo.
Uma Oração Respeitosa, Mas Persistente
Finalmente, apesar de sua ousadia, Abraão demonstrou profunda humildade. A cada novo apelo, ele usava frases como: “Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza” (Gênesis 18:27) e “Não se ire o Senhor” (v. 30). Ele equilibrou perfeitamente a audácia de um amigo com a reverência de uma criatura diante do Criador, uma marca do verdadeiro temor do Senhor.
III. A Dinâmica da “Negociação” com Deus
O diálogo entre Abraão e Deus é fascinante e nos ensina muito sobre como Deus se relaciona com Seus servos que intercedem.
Um Apelo Lógico e Progressivo
Abraão não fez um pedido vago. Pelo contrário, ele apresentou um caso lógico, começando com cinquenta justos e diminuindo progressivamente. Essa abordagem metódica mostra um coração que está verdadeiramente engajado e lutando em oração, explorando as profundezas da misericórdia de Deus.
Um Deus Paciente que Ouve
Adicionalmente, é notável a paciência de Deus. Ele não interrompe Abraão nem o repreende por sua ousadia. A cada nova proposta de Abraão, Deus responde com calma e graça. Isso nos revela um Deus que não apenas permite, mas que acolhe a intercessão sincera e persistente de Seus filhos, mesmo quando lidamos com a difícil questão de por que Deus permite o mal no mundo.
IV. O Impacto Transformador da Ousadia na Oração
Por conseguinte, embora Sodoma e Gomorra não tenham sido poupadas por não atingirem o número mínimo de justos, a intercessão de Abraão não foi em vão. Seus efeitos foram profundos.
A Salvação do Justo
Em primeiro lugar, o resultado mais direto foi o livramento de Ló e suas filhas. Gênesis 19:29 afirma explicitamente: “lembrou-se Deus de Abraão e tirou Ló do meio da destruição”. A oração de Abraão, portanto, moveu a mão de Deus para resgatar sua família, mesmo que a cidade como um todo não pudesse ser salva.
A Revelação do Coração de Deus
Em segundo lugar, este diálogo revela o coração de Deus. Ele não tem prazer na morte do ímpio. Sua disposição em poupar a cidade inteira por causa de um pequeno número de justos mostra Sua imensa misericórdia e justiça. A oração de Abraão, com efeito, nos deu um vislumbre do amor de Deus e de Seu coração compassivo.
V. Conclusão: Cultivando a Ousadia do Amigo de Deus
Em resumo, a intercessão de Abraão é um modelo atemporal de oração ousada. Aprendemos que tal ousadia nasce da intimidade com Deus. Vimos, ademais, que uma oração eficaz se baseia no caráter de Deus e é motivada pela compaixão, equilibrando sempre a audácia com a humildade. O justo que vive pela fé, como Abraão, aprende a orar dessa maneira.
O desafio final, portanto, é buscar o tipo de relacionamento com Deus que Abraão tinha. A ousadia na oração não é uma técnica a ser aprendida, mas um fruto a ser cultivado em um solo de amizade, confiança e conhecimento do coração de Deus.
Que possamos, pois, desejar ser conhecidos como “amigos de Deus”, para que também possamos nos colocar na brecha com confiança por um mundo que precisa desesperadamente de Sua misericórdia. E que, assim como existe a promessa de que Deus é fiel para perdoar, possamos apelar para Sua justiça e misericórdia em favor de outros.
Desafio Prático:
Identifique uma situação ou um grupo de pessoas ao seu redor que parece estar caminhando para a destruição (pode ser uma família, uma comunidade, etc.). Durante esta semana, em vez de orar vagamente, interceda como Abraão: apele especificamente ao caráter de Deus (Sua misericórdia, Sua justiça, Seu amor) em favor deles.
Oração Final:
Senhor, Juiz de toda a terra, nós Te louvamos porque és perfeitamente justo e infinitamente misericordioso. Perdoa-nos por nossas orações tímidas e por nossa falta de compaixão pelos perdidos. Queremos, como Abraão, ser Teus amigos. Aumenta nossa intimidade contigo para que possamos orar com ousadia e confiança, apelando ao Teu próprio caráter para interceder por aqueles que estão em perigo. Usa-nos, Senhor, para nos colocarmos na brecha. Em nome de Jesus. Amém.
Teste de Aprendizagem
1. Qual é a base principal para a ousadia de Abraão ao orar, segundo o estudo?
a) Sua grande riqueza e poder.
b) Sua posição como patriarca.
c) Sua profunda intimidade e amizade com Deus.
d) Sua própria justiça e perfeição.
2. Em qual argumento principal Abraão baseou sua intercessão por Sodoma?
a) No amor que ele tinha por seu sobrinho Ló.
b) Na possibilidade de os ímpios se arrependerem.
c) No caráter justo de Deus, que não destruiria o justo com o ímpio.
d) No fato de que a cidade era economicamente importante.
3. Como Abraão demonstrou humildade durante sua “negociação” com Deus?
a) Ele orou em silêncio para ninguém ouvir.
b) Ele se referiu a si mesmo como “pó e cinza” e pediu que o Senhor não se irasse.
c) Ele parou de orar na primeira vez que Deus respondeu.
d) Ele se recusou a olhar para Deus.
4. Qual foi o número mínimo de justos pelo qual Abraão pediu para que a cidade fosse poupada?
a) 50.
b) 100.
c) 10.
d) 1.
5. Qual foi o resultado direto da intercessão de Abraão?
a) As cidades de Sodoma e Gomorra foram poupadas.
b) Deus se lembrou de Abraão e salvou Ló e sua família.
c) Deus se arrependeu e decidiu não julgar a cidade.
d) Nada aconteceu como resultado de sua oração.
6. O que a paciência de Deus ao dialogar com Abraão nos revela?
a) Que Deus estava indeciso sobre o que fazer.
b) Que Deus se agrada e acolhe a intercessão persistente de Seus filhos.
c) Que Abraão conseguiu convencer Deus a mudar de ideia.
d) Que Deus estava testando a inteligência de Abraão.
7. A ousadia de Abraão na oração pode ser descrita como:
a) Arrogância e desrespeito.
b) O privilégio de um amigo íntimo de Deus.
c) Um sinal de sua falta de fé na soberania de Deus.
d) Uma técnica de oração que ele aprendeu.
8. O que motivou a oração de Abraão em primeiro lugar?
a) Curiosidade sobre os planos de Deus.
b) Compaixão por seu sobrinho Ló e sua família.
c) Medo de que o juízo o atingisse também.
d) Um mandamento direto de Deus para que ele orasse.
9. A frase “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” é um apelo a qual atributo de Deus?
a) Sua onipotência (todo-poderoso).
b) Sua onisciência (sabe tudo).
c) Sua justiça e retidão.
d) Sua onipresença (está em todo lugar).
10. O que este estudo ensina sobre a relação entre intimidade e intercessão?
a) Elas não têm nenhuma relação.
b) A intercessão leva à intimidade.
c) A intimidade com Deus é o fundamento que gera a ousadia para interceder.
d) Apenas pessoas sem intimidade com Deus precisam interceder.
11. Por que a oração de Abraão é um modelo para nós hoje?
a) Porque nos ensina uma fórmula para conseguir o que queremos.
b) Porque mostra que podemos mudar a mente de Deus sobre tudo.
c) Porque nos ensina a equilibrar ousadia e humildade, baseando nossas orações no caráter de Deus.
d) Porque prova que Deus só ouve orações longas.
12. O que Gênesis 19:29 afirma sobre o livramento de Ló?
a) Que Ló escapou por sua própria esperteza.
b) Que os anjos decidiram salvá-lo por conta própria.
c) Que Deus se lembrou de Abraão e tirou Ló da destruição.
d) Que a esposa de Ló intercedeu por ele.