Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação do mundo. Amém. Mateus 28:19,20
Janela 10/40 é um termo que, para muitos, pode soar enigmático, contudo, no campo da missiologia cristã, ele representa o epicentro do maior desafio evangelístico da nossa era.
Esta faixa geográfica, que se estende do oeste da África ao leste da Ásia, entre as latitudes 10 e 40 ao norte do Equador, é muito mais do que uma simples delimitação no mapa. Ela é, de fato, uma janela para a realidade espiritual e social de bilhões de pessoas.
Consequentemente, entender sua complexidade é fundamental para qualquer cristão comprometido com a Grande Comissão. Esta região abriga a maioria dos governos que se opõem ativamente à pregação do evangelho, as maiores concentrações de pobreza extrema e, crucialmente, a esmagadora maioria dos povos considerados “não alcançados”.
Portanto, ao explorarmos os estudos, os números e as histórias que emanam desta área, não estamos apenas analisando dados demográficos; estamos, em essência, olhando para o coração da tarefa inacabada da Igreja. Sobretud a necessidade de uma reflexão bíblica sobre missões nunca foi tão urgente como ao nos depararmos com a realidade desta parte do mundo.
A Origem e a Definição Geográfica da Janela 10/40
Para compreender a profundidade estratégica da Janela 10/40, é primordial conhecer sua origem. O conceito foi introduzido em 1990 pelo missiólogo argentino Luis Bush.
Como evangelizar pessoas de outras religiões? Durante o Segundo Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Manila, Bush apresentou uma análise detalhada que buscava focalizar os esforços missionários globais.
Antes de mais nada, ele percebeu que uma área retangular específica do globo continha uma concentração desproporcional de desafios humanitários e espirituais. Desse modo, a designação “Janela 10/40” nasceu não como um jargão, mas como uma ferramenta estratégica para despertar a consciência e a ação da igreja mundial.
Geograficamente, a Janela abrange 69 nações no Norte da África, Oriente Médio e Ásia Central e Oriental. Países como Marrocos, Egito, Turquia, Irã, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal, China, Japão e Tailândia estão dentro de seus limites. Inicialmente, a lista era um pouco menor, mas foi atualizada para refletir as mudanças geopolíticas e demográficas.
É importante notar que, embora seja uma generalização, essa delimitação serve como um poderoso lembrete visual de onde as necessidades são mais prementes.
Além disso, essa faixa territorial não foi escolhida ao acaso; ela corresponde historicamente a impérios e civilizações antigas que moldaram as principais religiões e culturas do mundo, muitas das quais permanecem resistentes à mensagem cristã até hoje.
Um Retrato Numérico: A Realidade Impressionante da Janela 10/40
Os números associados à Janela 10/40 são, de fato, avassaladores e servem para ilustrar a magnitude do desafio. Primeiramente, vamos considerar a população. Esta região, que cobre apenas um terço da massa terrestre do planeta, é lar de aproximadamente 5,35 bilhões de pessoas, o que representa quase dois terços de toda a população mundial.
Contudo a densidade demográfica em cidades como Mumbai, Xangai e Cairo é um fator que, por si só, já apresenta enormes desafios logísticos e sociais.
Em segundo lugar, a pobreza é uma realidade endêmica. De acordo com dados de organizações como o Joshua Project, cerca de 85% das pessoas mais pobres do mundo, vivendo com menos de dois dólares por dia, residem na Janela 10/40.
Em outras palavras essa carência material extrema cria um ciclo vicioso de desnutrição, doenças, falta de educação e exploração, tornando as populações ainda mais vulneráveis.
A mensagem do evangelho, que oferece esperança e dignidade, encontra aqui um solo fértil, mas, ao mesmo tempo, a urgência das necessidades físicas pode, por vezes, ofuscar a necessidade espiritual.
Mapa janela 10/40
Por isso, a ação missionária nesta área frequentemente combina a proclamação com a compaixão, através de projetos de desenvolvimento comunitário, saúde e educação.
O dado mais crucial para a missiologia, todavia, é o número de povos não alcançados. Estima-se que existam hoje no mundo cerca de 7.400 grupos de povos não alcançados (aqueles com menos de 2% de cristãos evangélicos e sem uma presença cristã nativa forte o suficiente para evangelizar seu próprio povo).
Deste total, mais de 97% vivem dentro da Janela 10/40. Isso significa que bilhões de indivíduos nascem, vivem e morrem sem nunca terem a oportunidade de ouvir o nome de Jesus de uma forma que possam compreender. É uma estatística que deve inquietar a consciência de cada seguidor de Cristo e motivar um profundo propósito de oração.
O Mosaico Religioso e a Fortaleza Espiritual
A Janela 10/40 não é apenas um centro demográfico e de pobreza, mas também o berço e o coração das maiores religiões não-cristãs do mundo. Do mesmo modo o Islamismo, com mais de 1,9 bilhão de adeptos, tem seu centro de gravidade no Oriente Médio e se estende por todo o Norte da África e grande parte da Ásia.
O Hinduísmo, com mais de 1,2 bilhão de seguidores, está majoritariamente concentrado no subcontinente indiano. O Budismo, com suas diversas vertentes, domina cultural e espiritualmente o Sudeste Asiático e o Extremo Oriente. Juntas, essas três religiões representam as principais cosmovisões que moldam a vida de bilhões de pessoas.
Quais são os Países da Janela 10/40?
A tabela a seguir apresenta os países localizados na Janela 10/40, com a população total estimada para 2025 e a proporção aproximada de habitantes para cada cristão no país. Abaixo tabela com dados de população e Presença Cristã (Estimativa 2025)
País | População Estimada (2025) | Proporção Aproximada (Habitantes por 1 Cristão) |
---|---|---|
Afeganistão | 44.500.000 | 2.900 por 1 |
Arábia Saudita | 38.400.000 | 16 por 1 (maioria estrangeiros) |
Argélia | 47.800.000 | 350 por 1 |
Bangladesh | 176.400.000 | 185 por 1 |
Barein | 1.600.000 | 10 por 1 (maioria estrangeiros) |
Benin | 14.400.000 | 2 por 1 |
Butão | 800.000 | 50 por 1 |
Burkina Faso | 24.500.000 | 4 por 1 |
Camboja | 17.300.000 | 55 por 1 |
Catar | 2.800.000 | 7 por 1 (maioria estrangeiros) |
Chade | 19.500.000 | 2 por 1 |
China | 1.425.000.000 | 15 por 1 |
Coreia do Norte | 26.400.000 | 65 por 1 (altamente perseguido) |
Costa do Marfim | 30.000.000 | 2 por 1 |
Djibuti | 1.200.000 | 175 por 1 |
Egito | 116.500.000 | 10 por 1 (maioria Coptas) |
Emirados Árabes Unidos | 10.100.000 | 10 por 1 (maioria estrangeiros) |
Eritreia | 3.900.000 | 2 por 1 (alta perseguição) |
Etiópia | 134.000.000 | 2 por 1 |
Filipinas | 119.000.000 | 1 por 1 (maioria Católica) |
Gâmbia | 2.900.000 | 22 por 1 |
Gana | 35.400.000 | 1 por 1 |
Gibraltar | 34.000 | 1 por 1 |
Guam | 175.000 | 1 por 1 |
Guiné | 15.000.000 | 10 por 1 |
Guiné-Bissau | 2.200.000 | 9 por 1 |
Iêmen | 35.900.000 | 8.500 por 1 |
Índia | 1.452.000.000 | 21 por 1 |
Indonésia | 281.000.000 | 9 por 1 |
Irã | 89.800.000 | 80 por 1 (crescimento rápido) |
Iraque | 46.600.000 | 220 por 1 |
Israel | 9.600.000 | 50 por 1 |
Japão | 122.600.000 | 60 por 1 |
Jordânia | 11.600.000 | 45 por 1 |
Kuwait | 4.600.000 | 10 por 1 (maioria estrangeiros) |
Laos | 7.900.000 | 50 por 1 |
Líbano | 5.200.000 | 3 por 1 |
Líbia | 7.100.000 | 190 por 1 |
Malásia | 34.900.000 | 11 por 1 |
Maldivas | 530.000 | 300 por 1 |
Mali | 24.000.000 | 35 por 1 |
Marrocos | 38.500.000 | 1.500 por 1 |
Mauritânia | 5.000.000 | 500 por 1 |
Mianmar | 55.200.000 | 12 por 1 |
Nepal | 31.600.000 | 25 por 1 (crescimento rápido) |
Níger | 28.700.000 | 150 por 1 |
Nigéria | 236.700.000 | 2 por 1 |
Omã | 4.900.000 | 18 por 1 (maioria estrangeiros) |
Paquistão | 249.600.000 | 110 por 1 |
Quirguistão | 7.000.000 | 12 por 1 |
Saara Ocidental | 670.000 | 950 por 1 |
Senegal | 18.900.000 | 20 por 1 |
Síria | 24.300.000 | 25 por 1 |
Somália | 19.100.000 | 9.000 por 1 |
Sri Lanka | 22.000.000 | 12 por 1 |
Sudão | 51.300.000 | 10 por 1 |
Tadjiquistão | 10.500.000 | 70 por 1 |
Tailândia | 71.500.000 | 80 por 1 |
Taiwan | 23.900.000 | 15 por 1 |
Timor-Leste | 1.400.000 | 1 por 1 (maioria Católica) |
Togo | 9.400.000 | 2 por 1 |
Tunísia | 12.500.000 | 400 por 1 |
Turcomenistão | 6.600.000 | 2.000 por 1 |
Turquia | 86.800.000 | 450 por 1 |
Uzbequistão | 36.800.000 | 160 por 1 |
Vietnã | 100.000.000 | 11 por 1 |
Essa concentração cria o que muitos missiólogos chamam de “fortaleza espiritual“. As estruturas religiosas estão profundamente entrelaçadas com a identidade cultural, social e familiar.
Em muitas dessas nações, converter-se ao cristianismo não é apenas uma mudança de crença pessoal; é um ato de traição contra a família, a comunidade e a nação. A pressão social é imensa, e a apostasia é frequentemente punida com ostracismo, violência ou até mesmo a morte.

Por conseguinte, a abordagem evangelística precisa ser incrivelmente sensível e culturalmente relevante, focando em construir relacionamentos de confiança antes de compartilhar a verdade do Evangelho. É um trabalho que exige paciência, perseverança e uma profunda dependência do Espírito Santo.
O teólogo e arqueólogo Rodrigo Silva, ao analisar contextos históricos de resistência a novas ideias religiosas, oferece uma perspectiva que pode ser aplicada aqui. Ele afirma:
“A história nos mostra que sistemas de crença profundamente arraigados em uma cultura não são abandonados por mera argumentação lógica. Eles são substituídos quando uma nova narrativa oferece uma esperança mais profunda e uma resposta mais satisfatória às questões fundamentais da existência humana. A arqueologia revela a resiliência de tradições antigas, e isso nos ensina que a transformação genuína é um processo complexo e, muitas vezes, lento.” – Rodrigo Silva
Essa visão ressalta que o desafio na Janela 10/40 não é apenas teológico, mas também histórico e cultural. É preciso apresentar Cristo não como uma divindade ocidental, mas como o Salvador universal cuja mensagem transcende todas as culturas.
Vozes de Especialistas: Perspectivas sobre a Urgência
A importância estratégica da Janela 10/40 é constantemente reforçada por líderes e especialistas em missões. Suas palavras servem como um chamado à ação, fundamentando a necessidade de um esforço concentrado.
Luis Bush, o proponente original do termo, resume a lógica por trás do conceito de forma poderosa:
“A Janela 10/40 é uma região do mundo onde a grande maioria das pessoas vive em escuridão espiritual e sofrimento físico. Se quisermos ser sérios sobre o cumprimento da Grande Comissão, devemos ser sérios sobre nos concentrarmos em áreas de maior necessidade. Não é uma questão de negligenciar o resto do mundo, mas de alocar recursos de forma estratégica para onde a necessidade é indiscutivelmente maior.” – Luis Bush
Essa citação encapsula a essência do conceito: não se trata de exclusividade, mas de prioridade estratégica baseada em dados concretos. O objetivo é mobilizar a Igreja para que ela não se acomode em campos já alcançados, mas avance corajosamente para as fronteiras onde Cristo ainda não foi nomeado.
Outro especialista influente, David Platt, pastor e autor conhecido por sua paixão pelos povos não alcançados, ecoa essa urgência com uma clareza contundente:
“Temos bilhões de pessoas no mundo que estão a caminho de uma eternidade sem Cristo, e a maioria delas está concentrada em lugares onde não têm acesso ao evangelho. Isso não é apenas lamentável; é uma injustiça espiritual. A glória de Deus está em jogo entre as nações, e nossa obediência a Cristo exige que levemos o evangelho a elas, não importando o custo.” – David Platt
A perspectiva de Platt adiciona uma dimensão teológica crucial: a motivação missionária não é apenas a compaixão pelos perdidos, mas, acima de tudo, a paixão pela glória de Deus.
Levar o evangelho a todos os povos é uma questão de vindicar a honra do nome de Deus onde Ele não é conhecido nem adorado. Para qualquer um que deseja se aprofundar, um bom estudo sobre missões é essencial.
Desafios Monumentais na Pregação do Evangelho
A tarefa de levar a mensagem de Cristo para dentro da Janela 10/40 é, sem dúvida, repleta de obstáculos formidáveis. Esses desafios podem ser categorizados em várias frentes. Em primeiro lugar, os desafios políticos e legais são imensos.
Muitos dos 50 países na lista de observação da perseguição religiosa da Portas Abertas estão localizados nesta janela. Governos autoritários, regimes islâmicos e estados comunistas impõem leis severas contra o proselitismo, a conversão e até mesmo a posse de uma Bíblia.
Missionários e cristãos locais enfrentam vigilância constante, risco de prisão, tortura e deportação. A pregação aberta é, na maioria das vezes, impossível, forçando a igreja a operar de forma subterrânea.
Em segundo lugar, as barreiras culturais e sociais, como mencionado anteriormente, são extremamente altas. O forte senso de identidade coletiva significa que a conversão individual é vista como uma ameaça à harmonia social. Além disso, o cristianismo é frequentemente percebido como uma religião ocidental, associada ao colonialismo e ao imperialismo cultural.
Superar essa percepção exige um processo cuidadoso de contextualização do evangelho, mostrando que a fé em Cristo não anula a identidade cultural, mas a redime e a completa.
Isso toca diretamente na questão de por que Deus permite o sofrimento e o mal no mundo, uma pergunta que ressoa profundamente em meio a tanta opressão.
Desafios espirituais da Missão
Em terceiro lugar, os desafios espirituais não podem ser subestimados. A Bíblia fala de uma batalha espiritual que ocorre nos lugares celestiais (Efésios 6:12), e em nenhum lugar isso é mais evidente do que na Janela 10/40.
São séculos de domínio de outras cosmovisões, de práticas idólatras e de oposição direta ao nome de Cristo. Missionários que servem nesta região relatam consistentemente uma intensa pressão espiritual, o que torna a cobertura de oração e um profundo estudo bíblico sobre oração por parte da igreja global absolutamente indispensáveis para sua sobrevivência e eficácia.
O teólogo John Piper articula a dimensão teológica do sofrimento missionário da seguinte forma:
“Missões não é um programa de curto prazo da igreja. É uma dimensão fundamental da nossa identidade em Cristo. E isso implica em sofrimento. Deus nos chama para preencher o que resta das aflições de Cristo pelo bem do seu corpo, a Igreja, e pela salvação dos eleitos de todas as nações. Ir aos lugares difíceis não é uma opção para os superespirituais; é o chamado normal do discipulado radical.” – John Piper
Heróis da Fé: Missionários que Desbravaram a Janela 10/40
Apesar dos perigos, a história está repleta de homens e mulheres que, impulsionados por um amor profundo por Cristo e pelas almas perdidas, dedicaram suas vidas a servir nos territórios da Janela 10/40. Seus legados continuam a inspirar gerações.
William Carey (1761-1834)
Conhecido como o “pai das missões modernas“, é um exemplo paradigmático. Ele deixou a Inglaterra para servir na Índia, um coração do Hinduísmo. Carey enfrentou perdas pessoais devastadoras, oposição feroz e aparente falta de frutos por muitos anos.
No entanto, sua perseverança resultou na tradução da Bíblia para dezenas de línguas e dialetos indianos, na fundação de escolas e na luta contra práticas desumanas como o Sati (a queima de viúvas). Sua famosa frase, “Espere grandes coisas de Deus; tente grandes coisas para Deus”, tornou-se um lema para o movimento missionário moderno.

Hudson Taylor (1832-1905)
Foi um pioneiro na China. Ele fundou a Missão ao Interior da China (hoje OMF International) com a visão radical de levar o evangelho a todas as províncias do país, que na época eram completamente inacessíveis.
Taylor chocou o establishment missionário de sua época ao adotar vestimentas e costumes chineses para se identificar com o povo. Ele dependia inteiramente da fé para seu sustento, sem nunca solicitar fundos.
Sob sua liderança, centenas de missionários entraram na China, e dezenas de milhares de chineses se converteram, plantando as sementes para a igreja que, hoje, mesmo sob perseguição, é uma das que mais cresce no mundo. A fé de Taylor é um exemplo de versículos de fé vividos na prática.

Samuel Zwemer (1867-1952)
Apelidado de “O Apóstolo ao Islã”, dedicou 40 anos de sua vida a trabalhar entre os muçulmanos na Península Arábica, Egito e Bahrein, áreas notoriamente difíceis e hostis.
Ele viu poucos convertidos durante sua vida, e sofreu a perda de dois de seus filhos no campo missionário. No entanto, seu trabalho intelectual, seus escritos e sua paixão incansável abriram caminho para futuras missões ao mundo islâmico e ajudaram a Igreja a desenvolver uma teologia e uma estratégia para alcançar os muçulmanos. Ele entendia que o sucesso missionário não se media apenas por números, mas pela fidelidade ao chamado.
Esses são apenas alguns dos gigantes. Hoje, por razões de segurança, a maioria dos missionários que trabalham na Janela 10/40 o fazem anonimamente, como “fazedores de tendas” profissionais, estudantes e empresários que usam suas profissões como plataforma para o testemunho. Eles são os heróis anônimos da fé, cuja história talvez só seja contada na eternidade.

Estratégias Contemporâneas e Sinais de Esperança
A complexidade da Janela 10/40 exige estratégias missionárias cada vez mais criativas e adaptáveis. A abordagem do “missionário tradicional” está dando lugar a uma variedade de métodos inovadores.
O “Business as Mission” (BAM), por exemplo, envolve a criação de negócios legítimos e sustentáveis em países de acesso restrito, que não apenas geram empregos e abençoam a comunidade, mas também criam plataformas naturais para construir relacionamentos e compartilhar o evangelho. O evangelismo assume, assim, uma forma holística.
A tecnologia também se tornou uma ferramenta poderosa. Rádios de ondas curtas, televisão por satélite e, mais recentemente, a internet e as redes sociais, estão rompendo barreiras geográficas e políticas.
Milhões de pessoas em países fechados agora podem acessar a Bíblia e conteúdos cristãos em seus próprios idiomas através de seus celulares. O evangelismo digital e o discipulado online estão se tornando componentes cruciais da estratégia missionária global.
Apesar da escuridão, há sinais inegáveis de que Deus está se movendo de maneira poderosa na Janela 10/40. O crescimento da igreja no Irã é um dos fenômenos mais notáveis do século XXI.
De um número insignificante de crentes há algumas décadas, as estimativas agora falam de centenas de milhares, talvez mais de um milhão, de cristãos iranianos, a maioria dos quais se reúne em igrejas domésticas secretas.
Movimentos semelhantes estão ocorrendo em partes do Afeganistão, Nepal e em várias regiões da Índia. É um lembrete de que nenhuma fortaleza é impenetrável ao poder do Espírito Santo. Saber como manter a fé quando tudo parece perdido é uma lição diária para esses irmãos.
O teólogo Tim Keller oferece uma reflexão sobre a natureza do evangelho que explica sua capacidade de penetrar culturas resistentes:
“O evangelho não é um conjunto de regras, mas uma notícia sobre o que foi feito. Ele se dirige às questões mais profundas de cada cultura – culpa, vergonha, medo – e oferece uma solução não através do esforço humano, mas através da graça divina. É essa ‘terceira via’ que o torna tão subversivo e, ao mesmo tempo, tão atraente para corações em qualquer contexto cultural.” – Timothy Keller
A Tarefa Inacabada e o Nosso Papel
A Janela 10/40 permanece como o maior e mais urgente desafio para a Igreja de Cristo. Os números são claros, as barreiras são reais e o custo do discipulado é alto.
No entanto, a soberania de Deus é maior do que qualquer desafio. A promessa de Apocalipse 7:9, de uma grande multidão de todas as nações, tribos, povos e línguas diante do trono, é uma certeza que alimenta a esperança e impulsiona a ação missionária. Conhecer os povos não alcançados é o primeiro passo.
Portanto, a questão não é se a Grande Comissão se cumprirá, mas qual papel desempenharemos nesse glorioso plano divino. Deus não chama a todos para irem como missionários transculturais, mas chama a todos para participarem.
Podemos fazê-lo através da oração intercessória, informada e específica por esses povos e pelos obreiros que lá estão. Podemos, ademais, contribuir financeiramente para o sustento de missionários e projetos que atuam em lugares difíceis.
E, finalmente, podemos acolher e evangelizar os povos da Janela 10/40 que Deus, em sua soberania, trouxe para as nossas próprias cidades através da imigração. A tarefa é imensa, mas o nosso Deus é maior.
Afinal que a realidade da Janela 10/40 nos desperte da complacência e nos impulsione a viver com um propósito eterno, para a glória de Seu nome entre todas as nações. Há muitos versículos para culto de missões que podem nos inspirar nesta jornada.